quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Descrição Babélica

   A cor azulada dos círculos, que nada tinham de perfeitos, fazia-me lembrar memórias já esquecidas, horas perdidas a contemplar o mar gélido nas estações frias.

    O laranja parecia ganhar vida ao misturar-se com o amarelo, produzindo novas cores que cativavam o meu olhar. Influenciada pelo inebriante conjunto de cores, a minha mão cedeu e toquei levemente na áspera tela de cor amarelada, possivelmente consequência da sua idade. Deslizei o meu dedo pela pintura que parecia ter ganhado uma nova textura, até que, de repente, senti algo mais “sólido”: a moldura era de uma cor semelhante à dos móveis que eu tinha no meu quarto, mas com uma série de detalhes e pormenores singulares. Então tive o instinto de me afastar e fiquei assim, parada durante alguns largos minutos, a olhar para o confuso quadro. Foi nessa altura que compreendi a complexidade desta obra de arte que no meio de árvores deixava escapar uma luz e leveza que só alguns corações poderiam entender.

Ana Carolina M.