A
cor azulada dos círculos, que nada tinham de perfeitos, fazia-me lembrar
memórias já esquecidas, horas perdidas a contemplar o mar gélido nas estações
frias.
O laranja parecia ganhar vida ao misturar-se
com o amarelo, produzindo novas cores que cativavam o meu olhar. Influenciada
pelo inebriante conjunto de cores, a minha mão cedeu e toquei levemente na
áspera tela de cor amarelada, possivelmente consequência da sua idade. Deslizei
o meu dedo pela pintura que parecia ter ganhado uma nova textura, até que, de
repente, senti algo mais “sólido”: a moldura era de uma cor semelhante à dos
móveis que eu tinha no meu quarto, mas com uma série de detalhes e pormenores
singulares. Então tive o instinto de me afastar e fiquei assim, parada durante
alguns largos minutos, a olhar para o confuso quadro. Foi nessa altura que
compreendi a complexidade desta obra de arte que no meio de árvores deixava
escapar uma luz e leveza que só alguns corações poderiam entender.
Ana Carolina M.