quinta-feira, 20 de junho de 2013

A porta


Chegou,
finalmente,
à porta de casa.
Tentou abrir a porta,
mas não conseguiu.
Desistiu.
Foi à janela para ver o que se passava,
mas apenas via negro.
Tentou abrir a janela,
mas novamente estava trancada.
Desistiu.
Tentou subir ao telhado,
mas era muito alto.
Era de noite, mesmo de noite
mas mesmo assim
foi ao vizinho pedir a escada.
Já lá em cima tentou
entrar mas não passava na chaminé.
Desistiu.
Muito pouco conseguia ver da rua,
mas encontrou um banco onde se deitar.
Tentou contrariar o sono,
mas estava mesmo cansado
e acabou por desistir e adormecer.
Durante a noite
sonhou que tinha sido
assaltado e agredido,
e levado para um sítio estranho,
que desconhecia por completo.
Quando acordou,
viu que não tinha sido apenas
um sonho.
Acordou não sabia onde,
nem sabia como tinha ido lá parar.
Não havia ninguém a quem perguntar.
Percorreu quilómetros
até encontrar alguém.
Tentou perguntar a uma senhora,
mas ela não conseguia perceber.

Apanhou transportes,
boleia,
e roubou,
e assaltou.
Até que chegou a um sítio que conhecia.
Aí sim, já conseguia perguntar
e as pessoas conseguiam perceber.
Apanhou um táxi até casa.
Chegou à sua rua,
e percebeu que na outra noite
se tinha enganado na porta.

Bernardo M.

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